Vale a pena investir em ações da Petrobras?

Vale a pena investir nas ações da Petrobras (PETR3, PETR4) em 2024? Se olharmos o histórico recente da empresa, parece não haver dúvidas de que sim. Afinal, quem investiu nas ações da petrolífera em 2023 viu seus papéis valorizarem mais de 95%. Mantendo o ritmo, só neste ano os papéis da PETR4 já subiram 13%, em comparação com a queda de 3,4% do Ibovespa no mesmo período. Além disso, no último dia 16, a Petrobras bateu um recorde histórico de valor de mercado, atingindo R$ 569 bilhões no fechamento da B3. Desde outubro do ano passado, a empresa já bateu esse mesmo recorde por nove vezes.

Mas será que esse histórico recente credencia a empresa a continuar entre as recomendações dos gestores? Afinal, quem investe sabe que desempenho passado não é garantia de rentabilidade futura. Por isso, perguntamos a 5 especialistas quais os pontos positivos e negativos do papel. Veja, a seguir, as considerações dos profissionais.

Petrobras é uma maiores pagadoras de dividendos do mundo Pedro Marcatto, operador de renda variável da B.Side Investimentos, destaca que a Petrobras é uma das maiores pagadoras de dividendos do mundo. Porém, com alto risco de governança. Veja:

Pontos positivos Além de ser uma das maiores pagadoras de dividendos do Brasil e do mundo, a Petrobras é uma empresa que tem baixa alavancagem e alta geração de caixa. Seu custo de extração é o mais baixo do país. Além disso, a empresa produz em maior escala e trabalha com exploração do pré-sal, sendo o óleo de maior qualidade.

A estatal também teve ganhos de margens expressivos em suas refinarias, o que inclusive possibilitou a empresa a vender combustíveis por um preço mais barato, o que amenizou o aumento no preço nas bombas devido à retomada da cobrança de impostos cuja isenção havia sido aderida em função de preços elevados no petróleo.

Atualmente, a Petrobras é uma empresa altamente rentável, com margens robustas e boa geração de caixa. O papel é negociado a múltiplos baixos, bem descontado frente aos pares do setor.

Pontos negativos A empresa tem alto risco de governança por ser uma empresa do governo federal. A companhia tem um passado recente de muitas intervenções e escândalos de corrupção. Por mais que não tenhamos visto medidas abrutas, o presidente Lula já ameaçou algumas vezes modificar a política de dividendos e até mesmo direcionar parte do caixa da companhia para subsidiar outros setores como o segmento aéreo.

Em função dessas variáveis, grande parte do desconto no preço é justificada, dado que temos um prêmio de risco mais elevado em função delas.

Outro ponto negativo foi a mudança na política de preços, que é uma média entre o preço de paridade internacional e o custo de produção doméstico. A PPI, que era a metodologia anterior, não exigia reajustes tão frequentes, dado que o repasse não precisava ser feito tão rapidamente e os reajustes não aconteciam de maneira tão frequente como em 2017 e no início da PPI.

A PPI é completamente verificável, enquanto a nova política, por envolver cálculos internos da companhia, compromete a verificação por parte dos analistas.

Investir em ações da Petrobras e focar em diversificação O analista da Ouro Preto Investimentos Sidney Lima explica que a Petrobras ainda tem protagonismo na distribuição de lucros. Por outro lado, é preciso considerar o peso da interferência do governo federal. Acompanhe:

Pontos positivos A Petrobras é uma das maiores empresas do Brasil e uma importante petrolífera na escala global. Além disso, como a sociedade ainda possui uma grande dependência no dia a dia do produto que a empresa comercializa, ela acaba sendo estratégica para a economia do país.

Desse modo, quando falamos de investimento, acredito que a empresa continua sendo uma opção atrativa, tendo como vantagem seu potencial competitivo mundial e sendo uma opção a considerar na diversificação de carteira focada no longo prazo.

Um dos pontos que chama a atenção é que, neste momento, a empresa possui um P/L de 4,09, um dos mais atrativos do mercado, e que continua ocupando uma posição de protagonismo na distribuição de dividendos, acumulando uma distribuição na casa dos 17% nos últimos 12 meses.

Pontos negativos O principal risco associado ao investimento, sem dúvida, está relacionado ao fato de a empresa ser estatal e estar sob o comando do governo federal. Esse risco deve ser sempre considerado, já que os investidores sempre temem a ingerência na gestão do caixa e nos investimentos da empresa.