Tendência incerta persiste apesar da queda do petróleo para US$ 93

Os preços do petróleo tiveram uma queda significativa nesta quarta-feira (4), depois de ultrapassarem os US$ 90 e levantarem dúvidas sobre a possibilidade de atingirem os US$ 100. Especialistas afirmam que, devido à volatilidade, não é possível prever uma tendência para o valor do barril nos próximos meses.

Durante esta semana, o barril do Brent já sofreu uma queda de mais de 6% em seu valor, enquanto o WTI acumulou uma baixa de quase 7%.

Nesta quarta-feira, a Opep+ manteve a política de produção de petróleo do grupo, mesmo após a Arábia Saudita e a Rússia anunciarem a manutenção dos cortes voluntários de oferta para sustentar os preços.

Segundo João Abdouni, analista da Levante Corp, os sauditas e os russos são os maiores produtores de petróleo e têm reduzido parte de sua extração, o que tem impulsionado os preços recentemente.

No entanto, Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, comenta que outros fatores estão afetando a cotação do petróleo, como os dados econômicos da China. Abdouni também menciona a importância desse país na equação dos preços.

De acordo com Abdouni, a China reduziu suas reservas em dólar desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia e tem aumentado o estoque de petróleo. Caso a China reverta essa tendência e comece a reduzir os estoques, poderemos observar uma queda nos preços do petróleo.

Diante desse cenário, especialistas afirmam que a tendência dos preços é bastante imprevisível. Cesar Frade, sócio da Quantzed, afirma que a queda nos preços hoje não significa que em uma semana ou amanhã eles não possam subir com mais força. Segundo ele, isso é normal acontecer.

Abdouni destaca que é difícil prever para onde os preços das commodities irão, mas ele aponta que um volume maior vendido pela Arábia Saudita e Rússia ou uma redução das novas reservas chinesas poderia levar a uma queda no curto prazo.

Em relação ao mercado de petróleo a longo prazo, Abdouni comenta que a demanda segue em crescimento, enquanto os investimentos no setor foram baixos desde 2016. Isso faz com que a relação entre oferta e demanda esteja apertada.

Quanto à Petrobras (PETR3 e PETR4), mesmo com a volatilidade e imprevisibilidade dos preços do petróleo, analistas apontam que a queda atual alivia a pressão sobre a empresa. Isso ocorre devido à redução da defasagem entre os preços internacionais dos combustíveis e o valor cobrado nas refinarias brasileiras.

Mateus Haag lembra que a Petrobras só fez um ajuste para cima nos preços dos combustíveis desde que mudou sua política, quando surgiram notícias de falta de estoque nas distribuidoras. Com preços mais baixos, as distribuidoras conseguem importar petróleo de forma mais viável, evitando desabastecimento.

Abdouni avalia que a liderança da Petrobras tem realizado ajustes nos preços quando necessário, o que não é ideal para o acionista, mas deve garantir a lucratividade da empresa ao menos em 2023.

Segundo dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a defasagem da gasolina nesta quarta estava em 5,81%, enquanto a do diesel era de 14,9%.

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