Além das preocupações comuns de início de ano, como o pagamento de IPTU, IPVA e material escolar, trabalhadores brasileiros já ficam de olho também no aumento dos planos de saúde.
A preocupação não é para menos. No ano passado, os planos coletivos tiveram alta de até 25%. Já os planos individuais, que têm os reajustes regulados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), subiram 9,63%.
Para este ano, os aumentos devem ser semelhantes aos do ano passado. Os planos coletivos, que representam cerca de 70% do setor, devem chegar a um reajuste médio de 25%, por exemplo.
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De acordo com relatório da Aon sobre inflação médica, a previsão no Brasil é que a taxa média de aumento de planos de saúde corporativos em 2024 seja de 14,1%, mantendo o patamar realizado em 2023, de 14,4%.
Vale destacar que, além do índice financeiro calculado pela Aon, o reajuste dos planos leva em consideração o índice técnico, que representa o percentual do sinistro (despesa) em relação ao prêmio/preço (receita) da operadora de saúde em cada contrato. Por isso, o reajuste médio pode chegar a até 25% neste ano, como aconteceu no ano passado.
O estudo reúne informações dos escritórios da Aon que intermediam e administram planos médicos corporativos nos 113 países incluídos na pesquisa.
“Com a frequência de utilização dos serviços médicos retornando ao patamar anterior à pandemia, os indicadores que impactam na variação dos custos médicos também estão se aproximando daqueles registrados antes deste período”, afirma Rafaella Matioli, líder de Advisory, Health e Human Capital da Aon Brasil.
De acordo com Matioli, as perspectivas para 2024 apontam para uma trajetória de alta, impulsionada por serviços como exames, terapias e internações.
“Continuaremos assistindo um ambiente instável para o mercado de planos de saúde. Especialmente em razão da incerteza de quanto tempo ainda vão durar as pressões inflacionárias, fica claro um aumento acentuado em planos de saúde corporativos em 2024”, diz a executiva da Aon.
Sinistralidade
Um dos itens levados em consideração para definir o reajuste do plano de saúde é o de sinistralidade, a relação entre as receitas das operadoras e os desembolsos com as despesas assistenciais, além de ser o principal aspecto que explica o desempenho nas operadoras médico-hospitalares.
Até o terceiro trimestre do ano passado, segundo os últimos dados divulgados pela ANS, a sinistralidade ficou em 88,2%, cerca de 2,1 pontos percentuais abaixo do apurado no mesmo período do ano anterior.
Fraudes
As fraudes também pesam no tamanho do reajuste dos convênios. Estudo divulgado recentemente pelo IESS (Instituto de Estudos da Saúde Suplementar), a partir de pesquisa realizada pela consultoria EY (Ernst & Young), mostra que as fraudes e desperdícios causaram perdas estimadas entre R$ 30 bilhões e R$ 34 bilhões às operadoras de planos de saúde ao longo de 2022.
As fraudes encarecem o custo do convênio médico para todos. Isso porque o plano de saúde é regido pelo princípio do mutualismo, a partir do qual todos pagam mesmo sem usar. Todo fim de ano, o plano faz um balanço de sinistralidade e é neste momento que ele pondera todo o custo da carteira para passar ao consumidor o reajuste por sinistralidade, que é um reajuste legal.
As investigações apontam que as fraudes mais comuns são as relacionadas com:
- fracionamento de recibos;
- cobrança por procedimentos ou exames não realizados;
- e utilização do plano de saúde por não beneficiário.
Pesando no bolso
Todos os fatores contribuíram para que, nos últimos anos, os reajustes dos convênios médicos pesassem bastante no bolso dos usuários, especialmente para os planos coletivos.
Pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), em agosto do ano passado, mostra que, em cinco anos, os reajustes dos planos de saúde coletivos chegaram a ser quase duas vezes maiores que os dos individuais.
Segundo o estudo, quase todas as categorias de planos coletivos tiveram reajustes médios consistentemente superiores aos individuais.
Entre 2017 e 2022, as mensalidades dos planos individuais subiram 35,41%, enquanto as de planos coletivos apresentaram valores bem superiores: os coletivos empresariais com 30 vidas ou mais aumentaram 58,94%; os coletivos por adesão com 30 vidas ou mais, 67,68%; os coletivos por adesão com até 29 vidas, 74,33%; e os coletivos empresariais com até 29 vidas, aumentaram 82,36%.
O reajuste mais alto dos planos coletivos está sendo tratado, inclusive, no Projeto de Lei 7419/2006, que propõe alterações na Lei dos Planos de Saúde. O texto reúne 276 projetos sobre o tema e ficou conhecido como “reforma dos planos de saúde”.
Entre as mudanças propostas, o texto pretende limitar reajustes de convênios. Hoje, os contratos coletivos e empresariais de planos de saúde não seguem o mesmo índice de reajuste da ANS previsto para os planos individuais e familiares.
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